sábado, 30 de setembro de 2017

SPUTNIK

Zildo Gallo

Em: http://vermelho.org.br/noticia/302549-1

Seguiu à frente um batedor solitário,
Sondando o caminho aos viajantes.
Sessenta primaveras lá se vão
E os caminhos estão abertos
Às aventuras siderais da Enterprise.

Sessenta invernos já se passaram
E a humanidade arrasta-se no chão,
Destruindo a sua única casa em agonia,
Aguardando a fuga insana (sem) rumo
Ao utópico Planeta Éden.

Em: http://www.apolo11.com/via_lactea.php

Em: http://www.popularmechanics.com/culture/g2759/starship-uss-enterprise-ranked/

PS.: em 4 de outubro de 1957, a União Soviética colocou em órbita o primeiro satélite artificial, o Sputnik (em russo pode significar “satélite”); o Sputnik ficou na órbita da Terra durante seis meses e depois caiu, desintegrando-se na atmosfera, em 4 de janeiro de 1958.



sexta-feira, 29 de setembro de 2017

O COCO E A CUCA: poema concreto (lembrando Décio Pignatari)

Zildo Gallo


O coco cai no cocuruto
E racha a cuca transbordante
De cacos e cocôs envelhecidos.

Abre-se a cuca dura
Imersa em coca e cola
Num arroto das profundezas.

Coco bem rachado
Cuca bem aberta
Vazios receptivos criados.

Para cucas muito duras
Há que se receitar cocos
No lugar da onipresente e velha




PONTO DE PARTIDA

Zildo Gallo

Fonte: https://jornalismoliterarioblog.wordpress.com/coracao-explodindo/

Um ponto infinitesimal
Explodiu o meu universo
Num Big Bang surdo
Dentro do coração
Em copas bem fechado
Assim explodiu a vida
E todas as suas cores
E todas as suas dores
Neste parto cósmico
Que ainda continua
Contínuas explosões
Em sístoles e diástoles
Ininterruptas...

Fonte: http://www.astropt.org/2011/05/29/mapa-completo-do-universo/


 

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

GEOMETRIA DA VIDA

Zildo Gallo

https://cienciasagrada.files.wordpress.com/2012/09/terceira.jpg

Na parede um belo quadro bem quadrado,
Quatro ângulos retos somados (360º)
E a (im)possível quadratura do círculo.
Três ângulos (triângulo) fechados (180º)
Valem meia circunferência graduada,
Mas, nem de longe, nem de muito longe,
Têm a arredondada suavidade
Do mais insignificante morro semicircular.
Um círculo perfeito, lisinho,
Único, sem ângulo nenhum,
Vale o dobro e não se enquadra também
Na quadratura circular tão procurada.
Então, o círculo rola na sua lisa redondês
E o quadrado quica como um dado jogado
No extremo quadradismo destes versos.
Graus e áreas não se confundem,
Nem se fundem,
Na geometria da vida toda,
Uns são bem intensos
E as outras bem delimitadas.




segunda-feira, 18 de setembro de 2017

SAPATO VELHO

Zildo Gallo

Imagem: blog.nagueva.com

A felicidade é um sapato novo
Confortável feito sapato velho?
É o território das impossibilidades...
Pés já muito... muito... muito andados
Clamam pela maciez de sapatos
Já tão andados quanto eles.
Todavia, sempre se deseja o novo,
O muitíssimo novo,
A mimetizar o bem velho e bem usado.
É o território dos desejos paradoxais...
Não seria a felicidade um sapato velho,
Ainda em bom estado, andando firme
Nos pés que conhecem o bom caminho
E o bom e seguro caminhar?
Esse é o território da aceitação...
Então, onde caminha a felicidade?
Contudo, sempre é preciso caminhar...


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

BONECA RUSSA (Matriosca)

Zildo Gallo


Tenho todas as idades
E também todos os tamanhos
Do bebê à maturidade.

Todas vivem dentro de mim
Da mais frágil à mais forte
Em perfeita e protetiva sucessão.

Somos todas bem parecidas
Mas cada uma tem sua história
Em segredos bem escondida.

Somos muitas e somos únicas
E nossa força é a nossa unidade
Inseparáveis que sempre somos.

Sou a criança já bem distante
A jovenzinha florescendo em sonhos
E a matriarca comandando a vida.

Sou apenas um retrato bem colorido
De cada alma em trajetória única
Neste mundo tão diverso e único também.


terça-feira, 12 de setembro de 2017

O LOUCO E O TARÔ: elogio à loucura.

Zildo Gallo


Na minha cabeça carrego o vento
Na minha trouxa carrego o vazio
Nas minhas pernas carrego caminhos.

Minhas roupas são bem mais velhas
Que minh'alma leve e solta
Alma que vaga para lá e para cá.

Caminho como assombração no mundo
Brincando sem compromissos
Sempre pronto para mudar a rota.

Meu cachorro me segue fiel
Canina fidelidade e puro afeto
Nada lhe peço e tudo ele me dá.

Sigo meus passos como quem vai
Sempiternamente a lugar nenhum
Todos os lugares são lugares meus.

Minha loucura é o ingênuo susto
De quem ainda não se encaixou
No mundo dos quereres e fazeres.

Andarilho, caminho sob a luz do Sol
Mas, lunático que sou, tenho a cabeça
No mundo secreto da Lua noturna.


TEMPO E ROUPA SUJA