quinta-feira, 5 de maio de 2016

É JUSTO? (3)

ZILDO GALLO

Garimpar imagens na imensidão da internet e compará-las pode ser um bom exercício para compreender o mundo nos dias de hoje. Muitas vezes as imagens falam por si mesmas, como nas fotografias de Sebastião Salgado, mas elas podem (servem) para ilustrar crônicas e poemas como é o caso do meu poema "Infância Roubada (Escravizada)". As imagens podem ajudar na compreensão de textos, podem? Elas podem falar mais que os textos. Às imagens e ao poema!

CRIANÇAS NUMA RODA DE LEITURAS

CRIANÇA COLETANDO O CACAU DO NOSSO CHOCOLATE

CRIANÇAS BRINCANDO DE  EMPILHAR CUBOS
  
O PESO DO MERCADO NAS COSTAS E CABEÇAS DAS CRIANÇAS

CRIANÇAS BRINCANDO NO PARQUE

CRIANÇAS PREPARANDO O CARVÃO DO NOSSO CHURRASCO

INFÂNCIA ROUBADA (Escravizada)

Melhor trabalhar
que roubar
ou pedir
ou traficar
ou se prostituir
ou... ou... ou...
diz aquele moralista
travestido de juiz,
de guia espiritual da infância
chafurdada na pobreza.

Hoje lhes roubam a infância
e amanhã
lhes encarcerarão os espíritos
atrás de duras grades metafóricas
produzidas na força bruta
da ignorância
dos campos,
fábricas
e construções.

Meninos crescidos,
como zumbis,
adultos,
continuarão a produzir
o bem-estar dos que brincaram
e tiveram às mãos
o tempo necessário à produção
de um espírito livre.

À criança que brincou, uma pergunta:
é possível a elevação do espírito
a um estado livre e verdadeiro,
quando é sabido
que ele se construía
quando muitas almas infantis
escravizadas
vendiam-se
por míseras migalhas de pão?
É só uma pergunta...


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TEMPO E ROUPA SUJA